terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Teresina


Teresina, a cidade abraçada por dois rios, tem características muito suas. É sinônimo de calor - humano e literal - , também a única capital do nordeste que não se localiza no litoral e, não menos importante, é onde se toma o melhor chopp do Brasil. Pode apostar!!!

E não dá para esquecer das suas comidelas: a deliciosa panelada, o capote, o baião de dois, a maria-isabel, aquela picanha única servida aos poucos para estar sempre quentinha, o sarapatel, a carne de sol, hum vamos parar...dá fome.

Também, é claro, a cajuína já imortalizada na música que Caetano Veloso fez homenageando nosso poeta maior: Torquato Neto. E ainda tem o artesanato, o salão do humor...

Mas, para mim, tem um sinônimo assaz especial que é o do aconchego da casa dos pais, da comidinha da mamãe, das farras com os irmãos, dos reencontro com os amigos e daquele cheiro de tantas lembranças que a faz tão única nas minhas saudades.

Na noite de natal, dia 25, não resisti e saí para ver as luzes de natal e me despedir com carinho da cidade. Deixo o registro da Igreja São Benedito, construída em meados do século XIX e que tem impressa nas suas paredes e escadarias "...histórias de um tempo que não acaba..."

jeanne maz

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Palácio de Karnak, Teresina




Estando em Teresina, neste natal, aproveitei para curtir as luzes da cidade e achei a decoração natalina da sede do Governo do Piauí esplendorosa. Os jardins, que foram projetados pelo Burle Max, adquiriram um encanto especial ao refletir as luzes nos seus espelhos de água.

O Palácio de Karnak, tem esse nome em homenagem ao Templo Karnak que os faraós construíram no decorrer de séculos e que é o mais gigantesco agrupamento de templos conhecido no Egito, na verdade um verdadeiro santuário ao deus Amon(deus dos faraós.
Dizem que é belíssimo...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Delta do Parnaíba








Desde o dia 09.12 encontro-me aqui em Teresina, onde passei minha adolescência e a época de universidade. Mas comumente ao falar que vivi 16 anos por aqui muita gente me perguntava sobre o Delta do Parnaíba e...e...pasme! eu não conhecia.
Sabe aquela idéia de que como estava perto, era fácil e que logo, logo eu conheceria? Claro que daí eu nunca programava e ele nunca veio ao meu encontro...
Bem, agora vim preparada para conhecê-lo e valeu o passeio. Para quem gosta de água, vegetação ricamente variada e um bom passeio de barco vai amar. E tudo isso ainda acrescido de uma boa caranguejada - que adoro. Então: indico o roteiro!

O Delta do Parnaíba é localizado no extremo norte do Estado do Piauí, na divisa com o Maranhão, sendo o único delta das Américas que deságua em mar aberto e o terceiro maior do mundo. As ramificações do rio antes de encontrar o mar, desenham um arquipélago com mais de 75 ilhas, dunas, lagoas de água doce, igarapés, mangues e uma exuberante floresta tropical.

Meu irmão Nuno com sua Nina, minha sobrinha Mellina e meu filho Breno Mazza me acompanharam nesta empreitada deliciosa. Confiram as fotos;

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A dama da noite


Ontem à noite assisti um filme inspirante: "Fados" de Carlos Saura, um filme onde o fado é o personagem principal e a imagética da dança e da fotografia é poesia pura...

Ao sair do cinema, algo inebriados, nos deparamos com o aroma da dama da noite que impregnava todo o jardim e a quem por ele passava, sem pedir licença.
Lembrei então de um conto, creio que o segundo ou terceiro que escrevi, que apesar de ser inspirado em minha avó Maria Ana tenta contar a origem imaginária desta flor perfumada e que gosto tanto.

O quadro que ilustra é meu, de uma fase impressionista bem das antigas...


A Dama da Noite

Maria era a mais velha de uma vasta família e, desde que se entendeu por gente, sempre estava cuidando de alguém. Primeiro foram os irmãos menores, que se seguiram numa velocidade de “um por ano”, num total de 12. Depois a mãe adoeceu e, antes que Maria pudesse compreender, ela ficou órfã do feminino.
Naquela época não se podia perder muito tempo sofrendo com perdas, porque a Joana chorava sem parar, a Julieta pedia comida e o Joaquim estava apanhando do Sebastião; e todos “em coro” gritavam por ela. Quando enfim, todos dormiam, ela já estava morta, quer dizer viva de cansaço, que não tinha energia nem para chorar.
O pai, como era costume no início do século vinte, naquela cidade do interior de Pernambuco, nem deixou a cama esfriar, já se casou com a filha do dono da venda, uma moça de 17 anos, chamada Zulmira, 2 anos mais velha que Maria.
Os filhos nem tiveram tempo de emitir uma opinião sobre o comportamento da madrasta, e nem ela própria precisou testar muitos seus “instintos maternos” com os filhos de outra, posto que a “fiarada” continuou nascendo num ritmo anual contínuo. Logo os 23 irmãos já conviviam juntos, como se assim tivesse sido sempre.
De dia, os do sexo masculino, iam para escola assim que completavam sete anos e as meninas, que não precsavam estudar, ficavam cuidando da casa e da comida. Maria que desde que a mãe morreu, dividia a autoridade de dona da casa, ocupava seu tempo entre a casa e o jardim. E quando precisava assinar o seu nome usava o seu polegar, como todas as moças de família da época.
Mas o que Maria adorava era plantar flores, principalmente as que tinham mais perfumes...E gastava horas preparando a terra, escolhendo as sementes, cultivando e aguando suas flores. E “ai” do irmão que numa corrida desembestada ferisse uma das suas plantinhas, levava uma surra de cipó, com certeza.
O Jardim tomava quase todo o seu tempo. E quando ela sentia aquele vento com cheiro de chuva que precedia as pequenas tempestades de verão, Maria imaginava que o vento trazia o seu príncipe, que iria pegá-la naquele jardim perfumado e conduzi-la a uma casa branca, linda, com pequeno jardim. Lá ela teria todo silêncio e paz necessários para admirar suas flores.
Mas, os irmãos e as irmãs cresceram, e os mais velhos se foram casando. Alguns até tiveram filhos. E nunca apareceu ninguém na chuva, nem fora dela. E Maria ficava para titia. Ela sabia que não era bonita pois não tinha o cabelo liso da Juliana e nem o rosto de boneca da Zefa , mas também não era feia. Além disso ninguém cuidava melhor de uma casa e de crianças do que ela...mas virou moça velha mesmo assim...
Foi por volta dos trinta anos que ela começou a se arrumar toda noite e ficar sentada na porta de casa como se esperasse alguém. Nem os irmãos, nem o pai, nem Zulmira ousaram perguntar o que ela esperava. Mas o ritual de se arrumar todo dia às dezoito horas, se perfumar toda, jantar e dar uma longa volta no jardim, antes de se sentar na varanda, olhando a noite, se repetiu até se misturar a rotina diária da casa, que ninguém mais estranhava.
Num belo dia, digo noite, para ser mais exata, apareceu uma visita. Nem era príncipe, nem novo, nem bonito. Nazário era um senhor grisalho, de uns 50 anos, viúvo, com dois filhos adolescentes e, que vindo passar um par de semanas na casa de seu compadre, se encantou com àquela moça vizinha que toda noite olhava as estrelas. E não sendo homem de perder tempo falou com seu compadre, que conversou com o pai e que, atonitamente maravilhado, consentiu com o casório.
Maria sabia que ele não era o que ela esperava, mas naquela altura da vida, o que esperar? Tratou de aceitar logo o pretendente e em menos de uma semana conheceu, namorou e noivou com o desconhecido.
Nazário voltou para a capital, com a justificativa de ajeitar os papéis e arrumar a casa para receber a nova esposa, nunca mais foi visto.
E Maria? Continuou com sua rotina de cuidar da casa e dos jardins. Imperturbável. Completou-se 2 meses sem notícia do noivo e todas paredes da casa já cochichavam sobre o abandono e o azar de Maria. Mas ela inabalável continuava se arrumando e se perfumando toda noite.
Ninguém sabe precisamente a hora, mas numa dessas noites, enquanto passeava entre as flores, Maria desapareceu. Sem levar roupas, nem nenhum objeto pessoal. A dama da noite sumiu no ar. E desde esse dia, quando alguém passa perto da casa, à noite, sente o perfume de Maria que nunca mais saiu desse jardim.

Amo chuva e dias nublados


Esse é o segundo dia que acordo com a ponte "embaçada" de chuvinha e garoa.
A chuva está naquele movimento de vai, não-vai e o vento frio a acompanha no bailado. Adoro este clima!!!
Venho do nordeste onde chuva sempre é bem-vinda, mas fui criado em Teresina-PI, local que faz verdadeira festa quando a cuva se avizinha. Na minha adolescência e também sempre quando aporto por lá é só chover que esqueço o que estou fazendo, a idade e os olhares de espanto e saio para tomar um banho e reencontrar esta amiga da infância...

Fiz um poetrix sobre isto:

Amo os dias de chuva

Que escondem mais do que mostra
Que enterram segredos e lavam tristezas
Aliviando-me a crueza da mágoa

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sobre o tempo


Agradeço o apoio de todos na exposição do senado, mas já ando a cata de tempo para participação na II BIENAL DE ARTES DE BRASÍLIA que acontecerá de 10 de dezembro a 10 de janeiro de 2010, e acreditem o tema é? TEMPO. E haja tempo para cumprir o prazo e o tema...
Tempo é o que tanto buscamos, o que invariavelmente perdemos e o que, também por isso mesmo, vive nos faltando. Deixo então uma homenagem a esse deus Cronos, causa e efeito de tudo que nos acontece!!!

Porém como ainda não criei nada meu em prosa ou versos que homageie este tema deixo a bela letra da música do Caetano Veloso, uma das que mais aprecio e que é um verdadeiro hino. Creio que esta obra de Dali - pescada meio torta no MoMa - é a mais forte que conheço sobre o tempo:

ORAÇÃO AO TEMPO
Caetano Veloso


És um Senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

As melhores obras de arte que produzi!!!












Ontem foi a vernissage da exposição de obras que compõem o LEILÃO BENEFICENTE DE ARTE BRASILEIRA. Estive na abertura com meus filhos: Breno Mazza e Chael Mazza que acostumados com arte e exposições desde que nasceram ocasionalmente me acompanham nestas empreitadas. Fica o registro do momento - e dos sorrisos - das melhores e mais gratificantes obras de arte que produzi na vida.

A exposição está na Galeria de Arte A CASA DA LUZ VERMELHA e faz parte do projeto de arrecadação de recursos em benefício da erradicação da violência de gênero e sua incidência sobre a infecção de AIDS/HIV nas mulheres e ocorrerá no período de 25 a 29de novembro. O LEILÃO BENEFICENTE DE ARTE BRASILEIRA será realizado no Museu da República, dia 3 de dezembro.

domingo, 22 de novembro de 2009

Exposição: RUPESTRE EM MOVIMENTO







Boa tarde,

Andei uns dias sumida, dispersa, ausente...mas por uma boa causa, com certeza. Amanhã 23 de novembro estarei inaugurando minha 16º exposição individual: Rupestre em Movimento, na Galeria do Senado Federal com 13 peças dessa minha nova fase. Continuo no mergulho do rupestre, porém buscando a poesia desses arquétipos universais e acrescendo todas as cores que encontrei no caminho...

Bem, para mim este é o trabalho artístico que mais curti desenvolver e o que consegui uma melhor harmonia estética. Aguardo opiniões.

E para verem toda exposição ela continua no outro blog,rs: www.ateliercasadaponte.blogspot.com
Um beijo rupestre, bem das antigas,

jeanne maz

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Para minha quase cinquentenária Brasília


Não se se já falei, mas sou pernambucana de nascimento e com quase toda parentela nascida por aquelas bandas. Saí de lá com 8 anos e fui morar em Teresina (PI) onde estudei, me formei e vivi 16 produtivos anos. Mas era estrangeira nas duas terras...
Em Pernambuco me consideravam piauiense, riam do meu sotaque e da falta de conhecimento sobre o estado. No Piauí sempre que eu reclamava do calor -e o fazia, tal qual todo piauiense que se preze - insistiam em dizer que eu não amava a terra por ser pernambucana. E foi sempre assim...

Quando cheguei em Brasília para morar, em 1992, amei de paixão a cidade. Como aqui quase todo mundo vem de outros cantos e tem origens viajeiras demais, eu fui imediatamente adotada por esta capital e é o lugar onde verdadeiramente me sinto em casa. Não troco por nenhum lugar do mundo!

Aqui é o "meu cantinho" e assim eu canto a minha terra:

BRASÍLIA SENHORA

Nas esquinas ausentes
Abraço esta menina
De quadras pareadas
De ruas paralelas
De paralelepípedos verticais
De velocidade controlada

Beijo esta dama
A Brasília dos ipês
Das misturas de credos
Das matizes cantadas
Do céu mescladamente ímpar
Das tribos que se unem
Da força do concreto
Da vias arborizadas

Te quero grandiosa,
Selvagem, mística
Sempre assim
Repleta de possibilidades
Senhora de mim


04/12/2008
Jeanne Maz

domingo, 1 de novembro de 2009

Um momento piegas...


Nesta fase de tristeza e turbulência que pareço estar saindo aos poucos, revoltei-me até com Deus, mas hoje já vislumbro progressos pois sinto-me num parque de diversões esquisito onde estou presa numa montanha russa de humores: há dias que ainda acordo no fundo do poço e nem eu me suporto, para em outros despertar com um sorriso estampado e a certeza de resgatar o meu eu e voltar a rir, sempre, tanto dos meus dias de festa como dos de faxina...

Mas houve quem teve coragem de estar comigo e me suportar estes dias - estou sendo boazinha pois já são quatro meses! - que foram a família forçadamente, claro, e os amigos por opção. A estes últimos queria agradecer tudo. Não tenho palavras para retribuir tudo que me foi oferecido por vocês. Presenteio-os com a única moeda que posso oferecer neste momento: palavras.

Um muito obrigada aqueles colegas e amigos que de alguma maneira tornaram mais agradáveis meus dias, quer com sorrisos, estórias ou gestos de carinho.
Um agradecimento aos amigos do grupo de literatura que semanalmente me aguentaram: rai oliveira, oswaldo pullen e eusanete santana.

Mas minha eterna dívida ficam para os amigos de toda hora que são estes que estão comigo nesta foto-momento: simone, edson e em particular a minha melhor amiga - e alma gêmea feminina - adriana moraes e meu melhor amigo - e anjo pessoal- nando negreiros. Uma homenagem especial a vocês:

ANJOS COLORIDOS


Na fogueira da revolução
ouviu-se um alarido
e na confusão pernambucana
distraíram-se na minha composição
Temperaram-me com medo e tristeza
rechearam-me com pessoas casmurras
Não contentes com o feitio
deram um toque no barro
gerando prantos noturnos
perenes e aderidos
que cerrou-me na torre de livros
na sorte do todo aspicio

Numa ciranda com vento silvestre
ipês multicores do cerrado
o amarelo limão rodopio
presenteou-me com amigos-sorrisos
Anjos suspeitos e poéticos
que jogaram cordas pra torre
e disfarçando suas asas invisíveis
ajudaram-me a colher os livros
plantaram flores vermelhas
correram florestas no gramado
me semearam poentes-alforrios

Não fatigados do esforço
tecem confetes no caminho
compartilham vinhos e dulcituras
sussurram músicas alegres
acendem meu desenfio
E quando me recolho em surdina
escondem-se nas telas rupestres
colorindo um cansado ressonar
mimetizam formas dançantes
que me doam papéis de sorriso
para enxugar as lágrimas do rio

01.11.09

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sobre tristezas e criação


Recentemente passei por um período extremamente conturbado de decepções, mágoas, tristezas, - por que não confessar? - ódio.
Num período de dois meses foram abalados quase todas as bases principais da minha vida: trabalho, família, amor, amigos e vida financeira. Pela minha história de vida sei que sou resistente, mas fiquei sem chão, teto ou coluna para me segurar.

Mas, além do carinho dos amigos e da família, houve algo que foi meu principal guia nesta turbulência toda: A ARTE.
Criar quadros, painéis, desenhos, poesias e contos me fez querer continuar, me deu a força para sair do poço, me proporcionou as poucas alegrias que senti nestes últimos meses.
Deixo para reflexão dois pensamentos sobre a criação, de dois monstros iluminados, cada um a seu modo. Um trecho de um poema de quem considero o maior poeta que o mundo já teve e um aforismo d'outro que acredito ter sido o maior filósofo:

"NAVEGADORES ANTIGOS TINHAM UMA FRASE GLORIOSA
NAVEGAR É PRECISO
VIVER NÃO É PRECISO
QUERO PARA MIM O ESPÍRITO DESTA FRASE
TRANSFORMADA A FORMA PARA CASAR COM O QUE SOU
VIVER NÃO É NECESSÁRIO
NECESSÁRIO É CRIAR..."
Fernando pessoa

"A ALEGRIA ABSURDA POR EXCELÊNCIA
É A CRIAÇÃO"
Nietzsche

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Sarau Câmara - 34º PAÍSES ANDINOS


Segunda-feira,26, participei de um Sarau da Câmara dos Deputados, organizado pelo meu mestre e professor Marco Antunes e desta vez ganhei um presente para representar; trata-se da "ODE AO GATO" do magistral Pablo Neruda, um dos nossos grandes poetas latinos e que foi laureado com Prêmio Nobel de Literatura.

Segue o poema para apreciação. Acredito que quem ama gatos entrará em êxtase, mas mesmo aqueles que não os ama se encantará com a maestria do poeta:


ODE AO GATO

Pablo Neruda
tradução: Eliane Zagury

Os animais foram imperfeitos,
compridos de rabo, tristes de cabeça.
Pouco a pouco se foram compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça vôo.
O gato,
só o gato apareceu completo e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.

O homem quer ser peixe e pássaro,
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato quer ser só gato
e todo gato é gato do bigode ao rabo,
do pressentimento à ratazana viva,
da noite até os seus olhos de ouro.

Não há unidade como ele,
não tem a lua nem a flor
tal contextura:
é uma coisa só como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e sutil
é como a linha da proa de uma nave.
Os seus olhos amarelos
deixaram uma só ranhura
para jogar as moedas da noite .

Oh pequeno imperador sem orbe,
conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão,
nupcial sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor na intempérie
reclamas quando passas e pousas
quatro pés delicados no solo,
cheirando,
desconfiando de todo o terrestre,
porque tudo é imundo
para o imaculado pé do gato.

Oh fera independente da casa,
arrogante vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta dos quartos,
insígnia de um desaparecido veludo,
certamente não há enigma na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti
e pertences ao habitante menos misterioso
talvez todos acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios de gato,
companheiros, colegas,
discípulos ou amigos do seu gato.

Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço o gato.
Tudo sei, a vida e o seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica
o gineceu com os seus extravios,
o pôr e o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
os seus olhos têm números de ouro.


Não é lindo? E para quem gosta de gatos indico o blog de um grande amigo mímico, Jiddu Saldanha , que movido pela paixão a esses felinos criou um blog:
http://www.haigatos.zip.net

E ainda fez um lindo filme inspirado nessa "fera independente da casa"

http://www.youtube.com/cinemapoema#p/a/u/0/MlzniSvJaOA

sábado, 24 de outubro de 2009

Escorpião - oitavo signo

Hoje é o primeiro dia do signo de escorpião - meu ascendente - e desconfio que o culpado pela louca e inconsequente energia que se apoderou de mim.
Resolvi prestar uma homenagem ao signo e às pessoas que habitam nele. Segue uma poesia que acabou de sair do forno:


VENENO DE ESCORPIÃO


A noite primitiva beijou nossos corpos
Sem pedir licença rasgou espaços
avançou divisas
encaixou sabores
descascou tintas vivas

Seguiu sem medo a noite menina
passeando devassa nas nossas bocas
estendendo sua língua safada
na pintura dos nossos corpos
E correu fingida para lua cheia
me deixando lua sozinha
quando dia fez-se aparecer

Antes, porém revelou meu segredo
Escorpião das águas profundas
na cumplicidade do enlace-noite
metade de mim abriu afoita o presente
a outra metade aguarda saber...

24.10.2008

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Submersa em poesia


Hoje vou participar de um Sarau na casa da minha colega de oficina literária e pianista Aldemita. Creio que estou buscando minhas raízes pois no primeiro homanegeie os estados de onde tirei o barro que me formou: Pernambuco, Piauí e Distrito Federal; hoje homenagearei as mulheres.

Começarei com a maior poeta de Goiás: Cora Coralina que tendo o primeiro livro publicado somente aos 76 anos é para mim o exemplo de que nunca é tarde para se perseguir um sonho.
Seguirei com Adélia Prado que esposa, mãe, professora, nascida e residente em Divinópolis-MG mostra que não precisa ser "porra louca" e nem habitar grandes centros urbanos para se fazer arte com esmero e reconhecimento.
E encerro humildemente com uma poesia minha deste último agosto que casa-se bem com meus dias atuais. Trata-se de uma Endecha que é uma composição poética lamuriosa; uma poesia fúnebre de tom melancólico; uma canção triste, um lamento...

ENDECHA PARA TRISTEZA
jeanne maz

Hoje,
Não me queiras forte, poderosa
Nem me peças um sorriso aberto,
que meu rosto espantalho diluiu
Nem terás o meu sempre de todo dia
Vomitando frases de efeito
auto-ajuda em pílulas
ou filosofias que encontrei num trancelim

Hoje, somente hoje
Não me exijas conselhos, receitas, band-aid
Nem requeiras um ouvido disposto a escutar
Deixe-me parir o grito esdrúxulo que silencie minha voz
E de maneira nenhuma me solicites médica
mãe, amiga, artista, amante
Pois hoje,
meu eu inroível
ruiu

E Pelamordedeus
Deixe-me voar com minha coleção de elefantes
E com flores mortas no cabelo, pular o abismo
Permitas que as águas nebulosas, o mar bravio,
me inundem os olhos,
E não apagues o fogo coração
que me faz o fígado de Prometeu bêbado
Por que hoje, somente hoje
A tristeza tomou conta de mim...

Mas não te preocupes com este encontro-morte
Por que amanhã, logo cedo
Convido a tristeza para a cama.
Devoro-a com mastigadas amargas
Acendo o cigarro que não fumo,
Olho-a com o repúdio que não aprendi
Viro-lhe as costas
e digo adeus.

04/08/2009

PS. Desde esse dia encontro quase diariamente a tristeza na soleira da porta. E insanamente há dias que jogo tijolos e solto cachorros, para em outros chamá-la para beber um trago e beijá-la loucamente a boca.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Duas senhoras especiais

Tenho uma amiga, professora de piano e colega de Oficina de Romances, uma senhorinha encantadora de 79 anos que faz mensalmente um sarau na sua casa.
Tive o prazer de comparecer uma vez e estou me preparando para o próximo sarau que acontecerá 23/10. neste dia preparo uma homenagem às mulheres.

Segue então um dos poemas que declamarei. Este é de uma grande mulher, também encantadora de almas:

TODAS AS VIDAS
Cora Coralina

Vive dentro de mim
uma cabocla velha de mau-olhado,
acocorada ao pé do borralho,
olhando pra o fogo.
Benze quebranto. Bota feitiço...
Ogum. Orixá.Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo...

Vive dentro de mim
a lavadeira do Rio Vermelho,
Seu cheiro gostoso d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa, pedra de anil.
Sua coroa verde de são-caetano.

Vive dentro de mim a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola. Quitute bem feito.
Panela de barro. Taipa de lenha.
Cozinha antiga toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda. Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.

Vive dentro de mim a mulher do povo.
Bem proletária. Bem linguaruda,
desabusada, sem preconceitos,
de casca-grossa, de chinelinha,
e filharada.

Vive dentro de mim
a mulher roceira.
– Enxerto da terra,
meio casmurra. Trabalhadeira.
Madrugadeira. Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira. Bem criadeira.
Seus doze filhos. Seus vinte netos.

Vive dentro de mim a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
tão desprezada, tão murmurada...
Fingindo alegre seu triste fado.

Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera das obscuras.

--------------------------------------------------------------------------------

Poemas dos becos de Goiás e estórias mais, Global Editora, 1983 - S.Paulo, Brasil

sábado, 10 de outubro de 2009

Congresso Brasileiro de Poesia




Estive participando do Congresso Brasileiro de Poesia que ocorreu de 05 a 09/10/09 em Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul. Adoro aquele lugar por motivos variados. E não posso esquecer a melhor noite da minha vida, que foi vivida por lá, quando em 2004, num certo quarto num fim do corredor, misturou-se artes plásticas, música, vinho, dança e poesia em tanta abundância que a magia secreta produzida neste momento nunca mais se dissipou...mas isso é outra história que pede n'outro momento um gole diverso...

Bem, vou lá anualmente desde 2001 e se não morasse em Brasília minha segunda opção seria a Serra Gaúcha, com certeza.
Fica registro deste lugar encantado e se algum dia ouvir o "chamado da sereia" para lá embarque nesta aventura que com certeza não se arrependerá...

Anexei nos meus álbuns link para as fotos do congresso. Sirva um trago de vinho se quiser...
Beijos,
jeanne

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Poesia na rádio








Ontem à noite os primeiros participantes do Congresso Brasileiro de Poesia de 2009 aportaram em Bento Gonçalves:o grande poeta visual mineiro Hugo Pontes, Jeanne Maz e o artista plástico Nando Negreiros, ambos representando Brasília.

E como a onda de poesia ocupa ,nesta semana,nesta cidade, todos os espaços, ontem à noite o poeta e jornalista Ademir Bacca nos convidou para participar ao vivo do seu programa Luzes da Ribalta, onde após pequenos dados históricos cada um escolhia uma música que tivesse sido feita no máximo até 1975, época onde se era possível ouvir boa música,segundo o editor do programa.

E entre músicas, vinho, curiosidades e poesia a conversa e o ambiente foram propícios para lembranças que invadiu a rádio e tomou os ouvidos da cidade até a madrugada de hoje.
Obrigada a quem nos acompanhou nessas 4 horas de recordações,

jeanne maz

domingo, 4 de outubro de 2009

Sobre uma onda de poesia no sul do Brasil



Hoje à tarde me acheguei à cidade de Bento Gonçalves(RS) para participar de mais uma edição do Congresso Brasileiro de Poesia. Evento este coordenado desde o início pelo poeta Ademir Bacca.

Aqui a poesia sai dos livros, passa pelas vitrines, atravessa a rua, penetra nas praças, nas bocas, na retina e como uma luz toma todos os espaços permitidos ou impenetráveis.
Esta é a 8º vez que estou aqui e tudo que respiro por estas paragens faz parte de mim. Impossível não se emocionar. Impossível que na chegança à nossa casa a poesia não tenha se impregnado nos cabelos e um fio mais desconfiado ou até despavorido não queira soltar o verbo...

Melhor que falar de poesia é mostrar uma. Segue, então, uma poesia que fiz exatamente há 3 anos, neste mesmo hotel vinocap, nesta mesma véspera de congresso, neste mesmo mundo de lembranças:

PEQUENO ÓBITO


Hoje,
Comecei minha morte
neste quarto de hotel

Mastigando nós
recrio cadáveres
que gozavam felizes...
Degusto roupas entrelaçadas
e carinhos despenteados

Os beijos e risos
que habitaram o ventilador do teto
Parados
Anestesiam minha língua
e se prendendo à faringe
sutilmente me sufocam

Na cena não digerida
o sangue tinto corria pelo pano branco
que o matizava
como um artista louco
que aleatoriamente
expressa seus sentimentos
numa tela vazia

Tento respirar as tintas da parede
sem sucesso
Busco um abraço invisível
que me massageie o peito
mas só a fisionomia abjeta se reflete
Grito em silêncio a minha dor
E ofegante
varro meus cacos de vidro
Paro, perplexa,
pois não existem lábios
para a boca-a-boca

Meu corpo lívido ressurge num palimpsesto

Deto-me!
Abro uma garrafa de tannat
E sorvo a taça
cheia de lágrimas e aromas
E jazo horas eternas...
Respiro profundamente
Contenho meu pequeno óbito
E saio no frio
Sob um sol pálido
Após a chuva infernal

01 p/ 02/10/2006,
Congresso Brasileiro de Poesia
Poesia de Jeanne Maz

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Outro texto feito para o desafio de contos


A idéia era escrever sobre futebol, que eu odeio, exceto Copa do Mundo, que é uma questão de energia universal...
Resolvi da melhor maneira que pude, que foi sobre futebol no Wii, que embora não jogue, consigo navegar melhor nesta brincadeira.
Segue o resultado:


PARTIDA DECISIVA

A genética é uma ciência exata. Mas é voluntariosa como uma criança mimada! Gerados no mesmo ventre e pelo mesmo pai, Pedro e Mário são tão diferentes que mais parecem estranhos. Às vezes, acontece o contrário, pessoas guardam tanta parecença entre si sem qualquer parentesco conhecido. É, talvez, dessa natureza a semelhança entre Escobar e Ezequiel, entre Capitu e a mãe de Sancha, personagens machadianos de Dom Casmurro.
Deixando a especulação literária de lado, passemos aos nossos personagens.
Mário, o mais velho, tem olhos levemente repuxados, cabelos negros, pele bronzeada, traços herdados evidentemente de algum ancestral negro ou indígena. É um daqueles morenos entroncados que imprimem respeito e temor por onde passa. Pedro, por sua vez, tem a pele leitosa, é de feições delicadas e pouco viris. E aonde vai suscita o carinho ou a piedade das moças sensíveis.
Como deu acontecer, a diferença não é apenas no biótipo é também de caráter. E a convivência dos irmãos sob o mesmo teto era naturalmente tensa e conflituosa. Não pense que era Mário o brigão. Pela confiança que tinha em si ele não precisava provar sua capacidade para ninguém. Não era um covarde, porém reservava-se a usar a força apenas quando era desafiado. Já o caçula pertencia àquela casta de pessoas que desde cedo entendem a vida como uma grande competição.
É lógico que Pedro reconhecia a superioridade física e mental do irmão. E, por mais que seus pais lhes pedissem, as brigas, as disputas, eram diárias. Pedro era quase sempre o perdedor. Aquela sucessão de derrotas foi lhe despertando um ódio mortal do irmão. Intrigaram-se. Deixaram de se falar. Ao se cruzarem no corredor de seus quartos ambos mudavam de direção. Enquanto isso, Pedro estudava um jeito de vencer definitivamente Mário.
– Mário, sei que era para não nos falarmos mais...
Provocou Pedro forçando uma aproximação
–. Nosso acordo foi claro. Você não me dirige a palavra e vice-versa . Não haverá brigas e tudo fica na paz. Simples assim. – Respondeu Mário com contida irritação.
– Me ouve, por favor, sabichão. Quero propor um desafio, assim resolvemos nosso problema de vez.
– Pedro, nós nunca nos entendemos. Seria melhor para todos que não mais troquemos palavras, pois inevitavelmente discutiremos. Estou cansado de você. Me esquece, cara.
– Eu também não suporto essa sua cara certinha, perfeita. É exatamente isso que quero resolver. Estava pensando nos nossos jogos de futebol que nunca saem do lugar. Descobri um futebol diferente de tudo que já jogamos. É um novo jogo baseado num futebol do México antigo e o melhor é que o perdedor é eliminado.
– Por um acaso você está falando do “juego de pelotas” que ocorria no México pré-colombiano? E que terminava sempre com a morte do time derrotado?
– Exatamente! Viu, até que nem sempre é ruim ter um irmão “nerd”. Agora você facilitou a minha explicação. Quero fazer tipo um duelo mortal entre nós. Você escolhe seu time, eu o meu. Jogamos os dois tempos e o que perder é sacrificado. Se der empate vamos para os pênaltis
–Não sei se é uma boa idéia... – Respondeu Mário desconfiado.
– Tá com medo, é, mariquinhas? – Pedro provocou.
– Ah! Vai à merda. Se eu aceitar você me deixa em paz?
– Claro, mané, será a nossa partida final.
– Então marcamos para sábado, à tarde. Certo? E até lá me esquece.
– Certo! Mas me aguarde, Mário. Você vai se surpreender!
E os irmão utilizaram os cinco dias que faltavam para conhecer, em segredo, o campo, treinar os jogadores e estudar táticas futebolísticas. Pela primeira vez, o medo da derrota foi se instalando sorrateiramente em Mário.
Chegara o grande dia. Um olhar atento mostraria a raiva e o receio escondido por trás dos sorrisos dos irmãos. O “cara ou coroa” estabeleceu o campo e o apito iniciou a partida. Os jogadores se aqueceram, largaram, disputaram a bola, e, após um drible, escuta-se o grito:
– Gooooooool!
. Era o time de Pedro. Mas, após uma falta grave, um dos jogadores do lado dele foi expulso.
– Juiz ladrão! Tá roubando de novo! – Pedro esbravejou e o rubor lhe cobriu o rosto.
– Cala a boca, Pedro. Já está procurando desculpas para a derrota?! – Disse Mário tentando retornar ao jogo.
– Sai da frente, irmão.
– Gooooool! Foi a vez do lado de Mário.
E nesse clima de quase cordialidade seguiu-se os quarenta e cinco minutos da partida.
No segundo tempo, a tensão entre os dois era palpável, o esboço de sorriso já não deu as caras. E ainda nos primeiros dez minutos, o placar pareceu se definir em favor de Pedro.
– Esse goleiro é frangueiro. Não disse?! Já ganhei! Já ganhei. – Gritou Pedro exultante.
– Deixa de ser idiota, Pedro! Parece criança! – Mário rebate.
– Eu não disse que ia ganhar?!
Os jogadores se debatiam no campo, mas evitavam faltas graves, pois a arbitragem era severa. Mas eis que o juiz comete uma falha e não marca o impedimento do atacante.
– GOOOOOOOOOOOL!
– Já ganhei. Sou o vencedor, vencedor, vencedor.! – Grita Pedro mais triunfante ainda.
E o suor escorria no rosto de Mário naquela tarde de verão do cerrado. Ele ficou em silêncio, tentando não ouvir os gritos de vitória de Pedro que o irritavam profundamente e, nesse momento, fez o passe certo:
– Goooooooooooool!
Pedro foi pego de surpresa:
– Tudo bem, imbecil. Ainda estou ganhando e faltam somente uns cinco minutos. Você vai morrer já.
Mas como dizem: ‘o jogo - assim como a vida - é um corpo-a-corpo com o destino” e quando menos esperamos ele nos surpreende.
Deu-se então o empate e o rosto de Pedro, com movimentos mastigatórios contínuos, adquiriu uma expressão de ódio mortal.
Enquanto isso, Mário se concentrava para ganhar o jogo e colocar um fim em sua angústia. Não estava suportando o comportamento do irmão e certeza que não agüentaria ir para os pênaltis.
– Goooooooooooooooooooooooool!
Ouviu-se no finalzinho da partida quase sincronizado com o apito final
Pedro não aceitou o resultado. Não podia enterrar com aquele jogo suas esperanças de matar o irmão. Protestou:
– Não aceito. O juiz roubou. Temos de jogar de novo!
– Pedro, acabou! Você vai morrer agora. Vou escolher como será sua morte.
– Não aceito, seu imbecil. Temos de ter outro jogo.
– Eu sabia! Não sei por que eu ainda acreditei em você.
– Você vai ter que jogar de novo comigo, seu patife. Covarde!
Nisso ouve-se uma voz imperativa, acostumada a comandar:
– Garotos, parem de discutir, larguem o vídeo-game e desçam para lanchar. Agora!
O protesto veio em uníssono:
– Mas, mãe! .
– Calados! Se continuarem com essa discussão vou deixá-los novamente três meses sem o “wii”.
Entredentes, Pedro sussurrou: – Você vai me pagar! Se eu ficar sem vídeo-game quebro sua cara! Você ainda me paga, sabichão!.
– Vou me lembrar de nunca mais jogar com você, Pedro
E assim seguiram os dois para atender a ordem da mãe, evitando se olhar.
Mas se continuássemos a observá-los após a merenda, teríamos visto Pedro guardar um revólver na sua antiga caixa de brinquedos e voltar para convencer Mário a marcar uma nova partida.

22/09/09


Texto de Jeanne Maz

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Um conto para um desafio...


Estou participando de um concurso de contos e este texto foi desenvolvido para a segunda provocação:
VERDADE E POLÍTICA.
A idéia era um texto que contasse até onde um político pode ir para manipular a verdade...
Segue então o conto, sem cortes:

QUANDO AS ALMAS GOVERNAM

Mirante do Além era daquelas cidades que ficariam desabitadas e despercebidas para sempre, não fosse por um certo prefeito José das Almas, que a tornou famosa em todo aquele agreste pernambucano.
Esta figura lendária, o José Turgêncio da Silva, conforme foi batizado, era o primogênito de sete filhos. Pai roceiro, mãe professora, não teve muita instrução nas letras, mas era respeitado por sua sapiência, pois, por um capricho do destino, era dono de uma memória enciclopédica e excelente senso de observação.
Foi com um livro de mitologia grega, que lhe caiu às mãos, que sua vida ganhou um novo sentido. Comparou o Doutor Ananias com Zeus, descreveu o caráter do deus, na sua natureza. E o doutor, que nem médico ou doutorado tinha, mas era o fazendeiro mais rico local, e que nunca dera importância a ninguém, passou a ter por ele uma séria consideração. Ele descobriu que o patrão era exatamente igual aos outros e passou a comparar a todos com os deuses gregos, agregando simpatia por onde andava.
Aos dezoito anos, a pressão familiar o fez procurar trabalho. O senso prático o levou à carreira de agente funerário. Ele vislumbrou nesse ofício a oportunidade de ter um emprego que não lhe exigisse muito esforço e menos concorrência já que ninguém gostava de lidar com mortos. E não menos por simpatia e apego aos detalhes do que por falta de concorrentes, rapidamente abriu sua própria empresa: José das Almas.
Fez um curso de necromaquiagem e depois de tanatopraxia, onde aprendeu a arte de embalsamar cadáveres.
Rapidamente tornou-se conhecido por todos, pois, lá estava ele para dar apoio, maquiar e arrumar o defunto com o traje que mais combinasse com sua personalidade. Dominava como ninguém a arte de dar aquela expressão de serenidade e quase felicidade ao morto, que, por vezes, este ficava melhor no caixão do que em vida.
A chegada dele no hospital não era sinal de bom agouro, sendo por vezes temida, mas, assim que o óbito era constatado, não havia ninguém que não o quisesse por perto. Ele cuidava de todos os detalhes do translado, preparação do corpo, féretro, velório, divulgação e enterro. Nesses momentos, sem assombro, ouvia aqueles pensares altos ou frases inomináveis que, no instante de dor máxima, são liberadas, mas discretíssimo nunca comentou o que escutava e sempre estava disposto a oferecer o ombro para qualquer um que precisasse. Diferenciava-se ainda por acompanhar a família até a missa de sétimo dia e jamais se esquecer de encaminhar carta de mês e de ano para família do falecido.
Depois de trinta anos dedicados àquele ofício e já cansado da vida que o seu pragmatismo levara, que tivera o condão de lhe tornar um autêntico solteirão, ele tomou a decisão de se casar. Saiu à procura de moças solteiras nas casas de gente humilde - já que sabia seu lugar e tinha certeza que moça de família nobre não ia se engraçar com ele. – Essas meninas sensíveis demais e cheias de tremeliques não vão nem querer chegar perto de mim.
Numa quermesse da igreja, ele conheceu uma sobrinha-neta do compadre da sua mãe, filha de um sargento aposentado. Era uma morena de cabelos pretos e lisos, olhos espertos, sorriso sincero e andar altivo. Trocaram olhares, saíram para o cinema de mãos dadas e a moça se mostrou receptiva aos seus carinhos, sem fazer dengo demais. Ele pensou: - Gertrudes não é uma encostada, pois tem profissão de professora e ainda tem aquele corpo apetitoso... Não tenho tempo para perder: é ela!
Com a mesma serenidade e paciência com que se comportava num velório, dirigiu-se à casa do pai da moça. E depois de um aperto de mão no futuro sogro, ele disse:
– Seu Severino, queria lhe falar sobre a Gertrudes. Estou gostando da sua filha, ela é jovem, bonitona e tô pensando em pedí-la em casamento. O senhor concorda? Ou tem alguma coisa para se opor?
– Não meu filho, está me estranhando é? Faço gosto para este casamento que queira Deus me dê muito netos. E não se esqueça que ela tem as ancas grandes da família da mãe dela, boas parideiras, viu? Pode acreditar. – Declarou o velho Severino louco para passar a filha para as mãos do futuro genro.
Passado três meses do casório Gertrudes engravidou logo do primeiro filho de meia-dúzia que tiveram . E sentindo que o esposo carecia de ambição começou a incentivá-lo a aceitar os convites que os grandes da cidade o faziam nos momentos de tristeza. Sem puxa-saquismos começaram a ser visto em almoços e jantares cada vez com mais freqüência. A sinceridade e presteza dele chamaram atenção de todos que, sem nem pensar, se viu eleito vice-prefeito de Domingos Duarte, o nome original da cidade.
Bem já o disse Machado de Assis: “A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito”. E assim se deu. O Dr Eziquiel, médico cinquentão, recém-eleito prefeito, teve um infarto numa madrugada de chuva. E enquanto cuidava do morto, sem almejar posições de destaque, José das Almas, subiu ao posto de maior autoridade local daquela cidadezinha de três mil habitantes.
No começo, algumas pessoas acharam que ele pediria exoneração, mas assim que assumiu o mandato ele iniciou uma série de decisões que ninguém teve dúvida da sua intenção de dar cara nova à cidade. Era o primeiro a chegar à prefeitura e o último a sair. E como não era homem de confabulações, discussões ou sofismas, começou a editar decretos municipais para respaldar seu intento: Transformar a cidade numa obra de arte mitológica.
E, sem pesquisas ou consultas, o cemitério foi o primeiro da sua lista. Nunca se soube como adquiriu essa capacidade, mas dizem que ele via as pessoas por cores e quase sempre as descrevia intimamente sem as conhecer. Isto era o suficiente para as pessoas comprovarem seu dom.
Então chegou no cemitério com os ajudantes e ordenou:
– Joaquim, pinte o mausoléu da Dona Cícera, da Tereza do bispo, das irmãs Albuquerque e da viúva do padeiro, de vermelho vivo. – E, virando-se para o outro pintor, no mesmo tom, pediu:
– Tião, pinte de roxo violeta o da Dona Inácia, do Júlio do Genaro, da Rosinha.
E assim, em dois dias, o cemitério se vestiu de um colorido característico e único que perdura até hoje. No pórtico de entrada colocou a imagem de um jovem com asas que a população achou ser um anjo, mas a inscrição já entregava seu mentor: Tanatos, deus da morte.
Como não gostava de entrar em conversação com trabalhadores que reivindicassem direitos, nem de reunião com o Legislativo Municipal ou Tribunal de Contas, ou ainda haveres na capital, buscou logo arranjar alguém que o fizesse. Para isso nomeou o Juvêncio, contador, primo distante da esposa, seu secretário-assessor. E para oficializar o cargo nomeou-o Secretário Municipal de Governo, dando-lhe cartas brancas.
José gastava boa parte do seu tempo conversando com os que marcavam audiência, onde, sem nunca dizer não e com um sorriso no rosto, recebia a todos. Atendia alguns pedidos mais práticos e que não tomassem muito tempo ou de quem com maestria lhe soubesse inflar o ego. Para a maioria dos outros dava como perdido e quando inquirido respondia, sempre da mesma maneira:
– Venha na quarta-feira da próxima semana! – E se a pessoa comparecia de tarde na quarta-feira seguinte, ele dizia: – Mas era pela manhã. Agora não dá mais. Tenha paciência, venha na próxima quarta-feira.
Contudo, os problemas da população pouco lhe interessavam. Dedicava seu tempo em estudar e organizar projetos grandiosos, baseados na mitologia grega.
A pedido da esposa reformou o colégio municipal e depois colocou uma estatua colossal de Atena, a deusa da sabedoria, e a pintou de púrpura, em homenagem à deusa. Porém, aumentar o salário dos professores e dos funcionários públicos nem pensar. Dizia: - A maioria trabalha pouco, não se esforça para nada e só querem vida-mansa!
O hospital local, pintou de verde, a cor da saúde, e fez um monumento a Asclépio, deus da medicina, com seu cajado de cobras.
Na porta do mercado público, criou uma ponte em forma de arco e nas duas pontas colocou Hermes com suas asas nos pés. No entanto, como a oposição começou a criticar veemente uma ponte que ligava nada-a nada, ele colocou um lago abaixo com uma fonte dionisíaca e que oferecia água à população nos dias de seca.
Aproximando-se o fim do mandato resolveu deixar um marco grandioso do seu governo. Despejou os vizinhos do prédio da prefeitura, não pagou as indenizações e construiu ali uma praça, enfeitada de fontes com ninfas e uma estátua sua como fundador.
– Estou me antecipando a vocês. Provavelmente vão querer me homenagear somente quando estiver cheio de rugas e careca. Não cultuo imagens decrépitas. Então, elimino um futuro problema de vocês e o faço agora para eu mesmo usufruir do monumento. – Ele argumentou para o espanto de todos.
Passado os quatro anos, ele se viu somente com trinta e nove por cento dos votos. Seu forte concorrente, Manuel Bixiga, um jovem advogado, da antiga família dos Braga Veloso, recém-chegado do Recife, prometia aumentar salários e restabelecer a antiga tradição da cidade.
Faltando dois meses para a eleição, desesperado pelo poder que o viciava sem dó, acordou após uma noite de sonhos infernais com uma idéia. Redigiu cartas onde o enunciado citava Vitor Hugo “ Os mortos são uns invisíveis e não uns ausentes”, pois já havia aprendido algures que demonstrar saberes imprimia respeito, e frase de efeito também.
Pediu para o secretário encaminhar as cartas, que, após a saudação inicial, seguia-se detalhes particulares, para cada uma das dez famílias mais numerosas e influentes da cidade. Sentou-se no gabinete e ficou aguardando.
Todos vieram ansiosos conversar com ele e tirar dúvidas. Era quando ele confessava que o finado - geralmente o patriarca mais importante- havia aparecido em sonho e dado orientação de falar com a família isso e aquilo e no final usando frases condignas com o falecido solicitava, em transe, que apoiassem o senhor prefeito. E para dirimir dúvidas fornecia dados, gostos pessoais, pensares que ninguém sabia.
Vendo que a estratégia estava tendo resultado resolveu mudar de rotina diária.
Saindo para o trabalho, após seu café da manhã substancioso, ao invés de passar apressadamente, começou a parar na rua e conversar com o eleitorado sobre as notícias do além: - Dona das Dores, o finado João mandou dizer que gostou muito do seu jardim de acácias. - Querido Meneses, seu avô Tertuliano, disse para casar sim com a Fabiana que ele aprova a moça.- Dona Mundica é para senhora tentar perdoar o falecido e rezar dez ave-marias toda sexta-feira para ele...
E como com mortos não se brinca, os inimigos, que planejavam contratar um capanga para matá-lo, ficaram com medo das iras dos mortos e por consenso resolveram deixá-lo em paz. Sendo assim ele foi reeleito com uma maioria de oitenta e nove por cento e como primeiro ato do novo governo trocou o nome da cidade para algo mais propício: Mirante do Além.
Dizem que até morrer, aos noventa e sete anos, ele, sua Gertrudes e os seus filhos, governaram a cidade.
Na sua morte, toda população local e dos arredores compareceu e reza a lenda que houve chuva, choros e soluços em todos os cantos da cidade por quase uma semana. Contam ainda que muitos destes lamúrios, eram trazidos pelo vento, nunca se soube de onde vinha...
Com a figura de José das Almas confirma-se a máxima:

"Em política, o importante não é ter razão, mas que a dêem a alguém." E se for aos mortos melhor

Texto de Jeanne Maz

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Viagem na poesia...


Assim como prometi vou registrar minhas viagens.

Ontem viajei na poesia...

Fui convidada para o 5º Sarau da casa da Aldemita.
Ao chegar, embora conhecendo somente uns três no salão lotado, me senti acolhida.
"Nosso Sarau": Sarau da Aldemita:

A casa possuia aquele sorriso aberto, gostoso e aconchegante da anfitrãe um piano na sala é sempre uma promessa de deleite.

Entrei e inacreditavelmente não levei a máquina fotográfica - fato raro
para quem usa esse instrumento como outros usam canetas, chaves, calcinhas...
Mas vamos lá, revertendo a situação fotografei todos com os olhos e descrevo algumas cenas para você ter idéia da mágica. Por não lembrar o nome de todos descreverei apenas imagens.
Abriu a noite com uma morena linda tocando duas peças românticas ao piano.
Seguiu-se uma voz maviosa falando da biografia e das poesias de Capinam.
De repente uma voz vigorosa, trazido por um nordestino, invadiu a sala com uma declamação magistral de Patativa do Assaré.
Outra nos esclareceu sobre a inutilidade atual da Mulher Boazinha, recitando Martha Medeiros.
E uma voz visual recitou um poema de um encontro-desencontro de um par.
Claro que nesta reunião divina não podia faltar Deus entre nós e ele surgiu atendendo pedidos por telefone numa voz masculina e a seguir uma feminina nos apresentou ele em várias roupagens e cores.
Nessa confusão teve até um empregado que durante o trabalho viajou para Paris sendo acompanhado por Monalisa.
Tudo isso sendo intercalado no momento preciso com dois músicos: um no violão, outro no saxofone, acompanhados de uma voz morena e poderosa. Gente esses três eram demais!

Mas o ponto alto da noite foi a dona da casa, Aldemita, nos presenteando com a Valsa nº 2 de Chopin, ao piano. Inesquecível!!!

Após isso tudo, encerramos a noite com um músico-jornalista cantando um samba de Brasília e uma voz feminina cantando: "Eu sei que vou te amar".
Obviamente teve muito mais que a memória e a pouca capacidade jornalística não possibilita exprimir.
Nisso tudo eu, uma pernambucana-piauiense de Brasília, me atrevi homenagear minhas terras, declamei: Manuel Bandeira e Torquato Neto. Ofereci uma poesia carioca contemporânea do Érico Braga e finalizei com uma poesia minha que fecha esta noturna descrição:

AUTORRETRATO
(em vestido de festa)

Me sinto vermelha,
cor primária, primeira,
pulsátil, inquieta, majestosa,
sofrida

Prefiro a intensidade,
vivo de paixões,
pagando o preço, portanto,
de grandes mágoas, dores intensas,
não faz mal,
não tenho medo,
transito bem na sombra como na luz,
Recomeço...

Devoro livros e comida,
com volúpia, com sofreguidão,
mas, por vezes,
degusto bem lentamente,
a depender do menu e da companhia

Bebo tudo, tomo todas
(menos refrigerante, faz mal)
Ah! mas o vinho tinto
combina melhor com meu cheiro,
com meus gostos,
é como um beijo eterno em Baco

Odeio TV, prefiro o silêncio
ou o 'barulho' de uma boa melodia

Então, eu sigo assim, nesta estrada,
a sina de todos:
um pouco de médica, um pouco de poeta
um tanto de louca...




Poesia Jeanne Maz

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Cidade dos cristais








Oi,
Retomo agora meu blog com novas decisões. Já viram que sou mulher de tomar decisões e ante o fracasso, que em minha vida é quase inevitável, saio para tomar fôlego e volto com mais decisões, claro, rs.

Resolvi publicar não somente textos trabalhados na oficina -ocasionalmente até o faça - mas, os contos e poemas reservarei para o blog da oficina de literatura: www.cobrascomasas.blogspot.com, ok?
Aqui neste meu cantinho resolvi fazer tipo um diário e a mola mestra será minhas viagens, já que, por natureza do ascendente em escorpião, não consigo sossegar muito tempo sem viajar para dentro e para fora de mim...

Envio impressões agora da viagem mais recente, realizada dias 05 e 06 deste mês.

Fui para adquirir cristais em Cristalina que dista 137 km de Brasília. Nesta pequena cidade de Goiás encontra-se a maior reserva de cristal de rocha do mundo.
Para os místicos é considerado o ponto de equilíbrio do mundo, pelo magnetismo de seu solo.
O que se perde em matéria de infra-estrutura de restaurantes, bares e hotéis, que ainda é área pouco desenvolvida, se ganha em beleza natural.
É uma região rica de variedade de cristais e de espécimes do cerrado. O pôr do sol é um encanto, as flores são lindas e o brilho das pedras e nos olhos é garantido.
Não tenho como esquecer da companhia, que foi fundamental: Engels Espíritos (nosso cicerone), Edson Alves e Keit Guimarães.
É uma dica boa para quem gosta de natureza, cristais e cerrado.
As fotos foram tantas e tão belas que difícil foi escolhê-las.
Espero que aprovem.
Um xêro,
jeanne maz

:

segunda-feira, 30 de março de 2009

Um texto para não perder a magia...


Esse texto foi criado há muito tempo, para oficina literária, o desafio era falar de mar sem usar: praia, areia, sol, céu,lua, ondas...
Por alguma razão é um texto que me comove, gostaria de compartilhar...
REENCONTRO

Era um fim de tarde primaveril, naquela hora do crepúsculo em que tudo adquire tons alaranjados e a água reflete tantas matizes de cores que parece a palheta de um pintor.
Heloísa segue melancólica, atravessando a Avenida Atlântica, naquele mesmo ponto onde inúmeras vezes veio brincar com a filha nos fins de tarde, ao sair da sua mãe, antes de ir para o Leblon.
Ao sentir seus pés naquele tapete branco, ainda morno, naquela hora do dia, sentiu uma emoção muito forte. Após vinte anos voltava àquele lugar. Demorou muito a se sentir preparada para pisar ali novamente.
Lembra que tudo tinha sido muito rápido, a notícia que sua filha, Carmem, tinha uma doença grave a pegara de surpresa. A seguir o diagnóstico de um tipo raro de Leucemia e em menos de três meses a notícia:
— Sinto muito...mas sua filha morreu!
Depois disso uma tristeza lancinante, sem limites! Seguida de um mergulho num vazio que deixou várias lacunas na sua vida. Parece que sua vida entrou num redemoinho tão confusamente doloroso que pouco se lembra desta época. Não que a dor tenha sido minimizado com estes esquecimentos, não...o que aconteceu é que ela não estava naqueles dias neste mundo...
Agora, enquanto sentava na terra ainda molhada, pensou:
— Hoje, exatamente hoje, ela faria trinta anos!
E como um carinho na alma sentiu que naquele momento tinha de estar ali. Naquele mesmo lugar, onde várias vezes, Carmem fez seus castelinhos encantados que a água teimosamente desmanchava. Ela gostava de passar o dia na casa da avó só para poder ir brincar na terra macia. Ficava concentrada fazendo sua obra de arte, como hipnotizada.
— Carmem, vamos! Já está escurecendo, temos de ir.
— Mas mãe, deixa eu ficar mais um pouquinho, tô terminando o castelo mais lindo do mundo...
— Só dez minutinhos e nós vamos de qualquer jeito, entendeu garotinha? Acho que por você a gente morava aqui, né?
— Ah! eu adoro ficar aqui...espera só um minutinho, por favoooooooor...
Heloisa recorda que após uns seis longos meses, depois do enterro, recomeçou a vida; mas onde olhava, onde andava, onde resistia, parecia que estava faltando algo...se sentia como se não merecesse estar viva, era um erro ter sobrevivido e sua filha não...
Mas como um presente, um ano após esta perda imensa, se descobriu grávida novamente e assim nasceu Mariana, que veio para ser sua grande companheira.
O sofrimento nunca cessou, mas se atenuou com a chegada de alguém que precisava de cuidados e que rapidamente se mostrou muito inteligente e brincalhona fazendo sorrir a casa inteira.
Aliás, tinha marcado com Mariana para fazer umas compras no Barra Shopping. — Já estou em cima da hora. Tinha que ir.
Quis sair, mas algo a prendia àquele lugar. Tirou a sandália e se dirigiu àquele vai vem de água azul, gelada. Ao molhar os pés sentiu um cheiro de lembrança antiga, salgada...reviveu outro Rio de Janeiro, outra Heloísa, outra filha...e chorou copiosamente.

Calçou a sandália e começou a fazer o caminho de volta. Ainda não tinha chegado a rua quando ouviu uma gargalhada baixa e familiar e um — tchau, mamãe – como não ouvia há séculos...
Virou-se bruscamente, como se pudesse repentinamente voltar no tempo, mas não havia ninguém.
Tudo começava a escurecer, embora o reflexo lunar já começasse a ser desenhado na água.
Voltou-se para ir embora e ouviu novamente:
— Até logo mamãe.
Desta vez ela não olhou para trás, para não perder a magia, e respondeu sorrindo:
— Até logo filha.
E saiu pisando no chão macio, bem lentamente, e com a certeza que iria voltar ainda muitas vezes, naquele lugar, para reencontros muito especiais...
Texto de Jeanne Maz

segunda-feira, 16 de março de 2009

Carnaval no paraíso


Para Oficina Literária, 02/03/2009 que passou para 09/03/09
Jeanne Maz

Bem, o professor se esqueceu – creio que o amor o atropelou - e não estabelecemos o tema na aula; no entanto como no meio do caminho surgiu o Carnaval aproveitei o ensejo, e a história boa que me caiu no colo, e construí o texto abaixo.
Perdoe-me se estou usando muito o meu cotidiano nos textos, mas é que ando muito feliz e por ser condição tão rara na minha vida não consigo parar de querer amarrá-la no que escrevo.
E enquanto os personagens não baterem na minha porta sigo me usando em palavras...

Carnaval no Paraíso

A proposta era um carnaval diferente – e apesar de oriunda da terra do frevo e do maracatu – não pude recusar.
– Vamos passar o fim de semana de carnaval numa casa de praia calma e tranqüila no sul da Bahia, sem luxo, sem outras pessoas e sem folia. É tudo muito simples, quase uma casinha de sapê. Topas?
Lembro da música: “...jogue suas mãos para o céu, e agradeça se acaso tiver, alguém que você gostaria que estivesse sempre com você, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê...” Que maravilha. Agora eu tenho! É ele.
– Eu topo.
– Sairemos na sexta bem cedo. 6h tá bom? Combinado?
Arrumo malas. Aviso a família e amigos.
– Chefe? Nem pensar, pois senão ele não vai deixar. Falto sem avisar. É melhor ?!? Sério. Depois explico a ele.
E começo a sonhar com a viagem. Vejo o itinerário. O caminho de Brasília para Nova Viçosa (BA), esse era o nome da cidade, teoricamente era 1370km, averigüei no Google para não ter surpresas, peguei um mapa e embarcamos no meu carro apenas com uma hora de atraso. O que creio ter sido já um imenso lucro.
Resolvemos pegar um atalho (?) por Montes Claros e ganhamos extra 300 km: a mais. Tudo bem. Tráfego menos pesado, pois não passamos em Belo Horizonte.
Porém, ainda nas estradas de Minas, quase chegando na Bahia, fomos parados por uma blitz ao ultrapassar em local proibido.
– Documento do carro?
-Meu Deus! Muita calma nesta hora.
Descreverei a cena: eu procurando horas naquela bolsa enorme de mulher, arrumada em cima da hora. Depois de vasculhar todo o meu arsenal feminino de papéis e afins. Olho para os dois: - Não encontrei o documento!!!
– Poxa trouxe por engano o documento do ano passado, esqueci o atual. – Moço o carro é meu. Tá aqui minha carteira. Tá aqui o documento de 2007 e 2006. Não roubei meu próprio carro. Sei que dá apreensão do veículo, mas nos livra dessa, tá?
Depois de minutos que foram séculos o Seu Silva teve pena e nos liberou. Não sem antes ganharmos a multa da ultrapassagem. Mas ufa!!!Que sorte.
– Desculpa a culpa foi minha. Esquecer o documento foi um erro terrível. Sei que é imperdoável. Desculpa mesmo.
– Não te preocupa, tá tranqüilo, a culpa foi minha de termos parado e ter o documento solicitado. Se for assim eu também errei...
Gente isso merece uma pausa no filme: Em outra época, com outro parceiro, eu seria “a Prometeu” da estrada pois teria o fígado comido, e com certeza em pedaços temperados. E agora não levo nenhuma bronca? “Obrigada universo, que maravilha, este é realmente o homem da minha vida”
E assim chegamos a Nova Viçosa às 2:40h da manhã do sábado.
Esperavá-nos uma casinha branca, uma fachada vermelha – poxa adoro vermelho! – e uma varanda grande, gostosa. Depois um jardim lindo com coqueiros, cajueiros e vários tipos de bromélias.
– Nem acredito que é uma alameda de amendoeiras no portão. E depois o mar, bem ali, quase ao alcance das mãos. O céu estrelado. A lua nova. – Que maravilha. Deus existe!!!
– Bem, vamos entrar. Cadê a chave?
– Não encontrei a chave. O caseiro não deixou a chave no lugar marcado. Acho que ele fez de propósito, por segurança, sabe? O Diassis trabalha aqui há séculos e cuida disso como se fosse dele. Ele não deve ter confiado em deixar a chave. Não poderemos entrar! Talvez eu me lembre onde ele mora, ou encontre alguém que saiba, senão só pela manhã quando ele chegar.
-Vamos para cidade?
Penso: Tô com fome, cansadíssima, com quase 24h no ar, mas tudo bem. Fazer o quê? Será que Deus existe mesmo? Acho que não. E se eu matasse o caseiro amanhã? Será que alguém me prenderia por um crime justificado deste?
Com esses pensamentos sorrio e encaro a nova batalha que se acerca.
A cidade que imaginei pequena, ou melhor, me foi descrita com olhos de uns 20 anos atrás, tinha uma parte antiga construída pelos holandeses e no lado desta uma praça cheia de gente, barracas e trio elétrico. Na avenida principal várias lanchonetes e pizzarias.
Sem encontrar nenhuma chave perambulando no local fomos à Praia Lugar Comum onde havia uma orla marítima com barracas, e a bebida ainda imperava com força total e com muito movimento. – Comida? Não tem mais nesta hora.
– Vamos à Praça do Pau Fincado? (nomes lindos, né gente?)
E fomos. Paramos num bar-restaurante, para jantar , o único aberto às 4h. A música sertaneja tocando era alta e aterradora, mas àquela hora o que esperar?
- Queríamos uma cerveja gelada e peixe frito. Tem como fazer?
- Temos peroá, serve? "Vô trazê pru sinhô olhá". E dá sim pra fazê agorinha.
Nem acreditei: cerveja geladíssima, peixe delicioso e - pasmem! - assim que sentamos a música foi trocada para Pink Floyd.
Pensei: será que a fome e o cansaço estão alterando a minha consciência? É um delírio?
Incrível gente, era tudo real. Pensei novamente: Deus existe! e nem está sozinho, deve ter anjos e arcanjos mesmo!
Voltamos para casa, sem chave, quando o dia já quase nascia e dormimos no chão da varanda, abraçados para amainar a dureza do piso e a falta de lençol, mas já sonhávamos com os anjos que eu sabia existir.
Quando o caseiro chegou já estávamos no mar de água quente, com um céu azul e um sol que prometia esquentar aquele carnaval. Já nem me lembrei de matar o simpático homem.
E confesso que a partir do instante que adentramos na casa, tudo foi perfeito e o paraíso se fez na terra naqueles quatro dias maravilhosos...
E ao voltar para minha Brasília não é de se estranhar que freqüentemente me vem a memória uma outra música:
... I wanna to go back to Bahia...
Texto de Jeanne Maz

Fim de Semana


Para Oficina Literária, 16/02/2009 (in atraso)

O desafio era: Fim de Semana. Teoricamente fácil. De certo modo pensei que era um tema simples e que não geraria dificuldades.
Como eu estava enganada. Nem sempre o que supomos fácil, ita est...


Promessa Cumprida


Após vãs tentativas a frustração se impôs e chego ao veredicto que o tema fim de semana não me transportou para nenhum universo alternativo, nem nenhuma ficção veio ao meu encontro e nem a minha Mauína, cidade imaginária, conseguiu me inspirar
Rendo-me então ao contexto que está à minha mão e vou falar do meu pessoal e particular fim de semana. Isso deve dar uma crônica e não conto, mas a idéia é produzir texto, portanto não está configurada a especificação de algum gênero literário, né? O que já me antecipa se em um belo dia a poesia me bater à porta...
Vamos então começar pela sexta-feira, que foi 13. Um dia que carrega uma gama de superstição tão ampla que se para alguns significa infortúnio certo para outros é sinal de bom agouro.
Mas de onde vem toda essa superstição em torno da sexta-feira 13? Vamos tentar decifrar um pouco este enigma? Acredita-se que vem inicialmente de duas lendas nórdicas e que, portanto, influenciaram todos os países anglo-saxônicos.
A primeira parece explicar o estigma do número 13 e conta que houve um banquete em Valhalla - ou Valla -, o palácio para onde íam os guerreiros mortos em batalha, para o qual foram convidadas 12 divindades. Loki, o deus do fogo e da discórdia, uma espécie de deus dos infernos, não foi convidado e, enciumado, apareceu sem ser chamado e armou uma cilada onde morreu Baldur, o deus do Sol ou da luz, o preferido de Odin, deus dos deuses. Deste relato surgiu a idéia de que ter 13 pessoas à mesa para um jantar era desgraça na certa e que no período de um ano um destes convidados morreriam.
Diz a segunda lenda que na Escandinávia existia uma deusa do amor, da paixão, da beleza e fertilidade chamada Freya ou Frigga (que deu origem a friadagr, friday, sexta-feira nas línguas anglo-saxônicas). Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, a lenda transformou Frigga em uma bruxa exilada no alto de uma montanha. Conta então que para vingar-se, ela passou a reunir-se todas as sextas com outras onze bruxas e mais o demônio - totalizando treze - para rogar pragas sobre os humanos por tê-la desprezado.
Então se chegou à Escritura Sagrada, onde este dia, para os cristãos, virou um símbolo de desgraça, já que 13 eram os convivas da última ceia de Cristo e, dentre eles, Jesus que morreu na sexta-feira. Judas foi tipo um “Loki” deste especial banquete. Só que convidado...


E vem daí o costume de muitas pessoas evitarem viajar em sexta-feira 13; e de que vários teatros no mundo a numeração dos camarotes omite, por vezes, o 13; e em alguns hotéis não há o quarto de número 13 ou pulam do 12º para o 14º andar.
Tive a oportunidade de ficar hospedada no ano passado no Hotel Roosevelt em Nova York e comprovei in loco o que eu achava existir só em filme. O Hotel realmente aboliu o décimo terceiro andar do prédio para evitar azar e realmente, por coincidência, fui extremamente feliz quando estive lá. Tudo bem que tenho sorte sempre que viajo, mas...
Bem, como se vê, a crença na má sorte do número ainda está bastante arraigada mesmo nos países que mais cultuam o científico e racional. Mas isso é tão arbitrariamente entendido que o mesmo algarismo, em vastas regiões do planeta - inclusive países cristãos – é tido também como símbolo de boa sorte.
O argumento dos favoráveis, principalmente àqueles ligados à numerologia é que a soma dos números dá 4, sendo este símbolo de próspera sorte. Na Índia o 13 é um número religioso muito apreciado e não raramente vários templos indus têm 13 budas. E na China, é muito comum os letreiros místicos dos templos serem encabeçados pelo número 13.
Em contrapartida, o Centro Holandês de Estatísticas sobre Seguridade realizou um estudo estatístico em 2008 sobre a data e confirmou que acidentes de trânsito e relatos de incêndios e roubos são menos freqüentes no dia 13 do que em outras sextas-feiras do mês. "É difícil acreditar que isso ocorra porque as pessoas são, preventivamente, mais cuidadosas, ou simplesmente ficam em casa nesse dia, mas estatisticamente falando, dirigir é mais seguro na sexta-feira 13", disse Alex Hoen, um dos responsáveis pela pesquisa.
Bem, nesta minha sexta-feira 13 eu tinha motivos de sobra para comemorar. E sabendo de antemão que era mais seguro para meus amigos dirigirem para minha casa neste dia, convidei, só por garantia, claro, um número maior de pessoas para ultrapassar os treze e chamei uma turma para tomar chopp comigo após um ano sem poder desfrutar deste néctar.
- Por quê? Eu explico.
Em 2008, no dia 13 de fevereiro, me submeti à minha 27º cirurgia e havia uma suspeita de câncer pairando no ar. Como toda boa nordestina criada na religião católica não pensei duas vezes: vou fazer uma promessa para me safar deste mal! Inicialmente pensei em ficar um ano sem bebidas alcoólicas, mas o bom senso chegou à tempo e prometi passar um ano sem cerveja, nem chopp. E já sem o fantasma de malignidades, mas sem útero, tive de pagar a promessa. E achei oportuno fazer uma comemoração digna para este momento especial de voltar à ativa.
E agradeço a todos que ouviram o chamado da deusa Frigga e se fizeram presente para este momento em que um barril geladíssimo de chopp e as comidelas maravilhosas que Noeme e a minha amiga Ivana nos brindaram.
Acordo no sábado com a cabeça rodando, um peso na cabeça semelhante ao que Atlas levava e aquele característico gosto de cabo de guarda-chuva, mas cadê tempo para me dedicar como se deve à velha companheira ressaca. – Tenho de trabalhar.
Despeço-me do meu príncipe com cuidado de deixar um sapatinho marcado e corro para o plantão que hoje é dia de borralha para mim. Explico novamente sou médica e o meu sétimo dia da semana não é dia de repouso não. Neste em particular, por infortúnio, eu estava de plantão de 7 às 13h e também de 19 às 7h.

Não sei se sabe caro leitor, mas os nomes do dia da semana antes eram todos em homenagens aos deuses. Mas chegou a igreja católica e mudou tudo. Ela resolver transformar o primeiro e o último dia da semana em dias santos e não dia de feria ou feira, mercado. Foi assim que o dia de Saturno - o primeiro deus - Saturday se tornou sábado. A palavra vem do latim sabbatum que derivou do shabat ou sabá hebraico que quer dizer descanso ou dia de oração.
No meu caso, o meu sabá não foi de descanso nenhum e nem oração e sim dedicado exclusivamente ao Deus Asclépio.
Mas nada como um dia atrás do outro.
Acordei no plantão e resolvi aproveitar este dia que é tão especial para pessoas de quase todos os países do nosso planeta. Domingo vem do latim dies dominicus que significa Dia do Senhor. Mas para os de origem não latina é o dia dedicado ao deus Sol, Sunday.
Neste domingo em particular me juntei aos antigos pagãos e transformei o meu primeiro dia da semana num dia de festa e animação. Lembra da sexta-feira? – Sobrou quase meio barril. Chamei alguns poucos amigos para minha casa com intuito único do “ não desperdício” claro, e entre risoto, risos e chopp nem notamos que caiu uma grande chuva no nosso dia de sol.