quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dionisíacas


















































Adoro Baco, isso é amor confesso, e todo mundo sabe, mas o que não sabem é que participei (in)diretamente de "uma bacante", ao vivo e registrando tudo. Explico!

Adianto que não sou teatróloga, somente uma amante da história da arte e uma deslumbrada pelas manifestações artísticas puras e, meus comentários, merecem desconto, pois fiquei extasiada!
Vamos ao cerne do evento para que vocês opinem:

Neste último maio o grande Zé Celso Martinez montou "um teatro" aqui em Brasília na Esplanada dos Ministérios: "As Dionisíacas". Provavelmente guiado pela origem do teatro que se deslocava com carroças para desenvolver os espetáculos, ele montou uma tenda magistral que abrigava as 6 horas de espetáculo em quatro dias seguidos.E pasme!, cada dia um espetáculo diferente.
Eu que não sou atriz, fiz teatro 2 vezes em peças pequenas (registre-se que aos 18 anos) fiquei exaurida de pensar . Agora, imaginem 6 horas seguidas numa arena enorme (cantando, dançando, correndo) com intervalo de 30 minutos...

Os atores,principalmente o Zé Celso, que reinava absoluto no palco, resistiram heroicamente e com desempenho notável. Somente isso já valeria os elogios e também a súplica: quero um pouco desta bebida que os transformaram em semideuses!
Bem, mas a grandeza não pára aí.
A peça realizada no sábado era "Bacantes". Somente para relembrar a peça contava o mito de Baco (Dinonísio), filho dileto de Zeus, com a mortal Sêmele e sua gestação final e parto na perna de Zeus. Para proteger da sua esposa, Hera, Zeus transformou Dionísio em bode e o "condenou" a viver no monte Nisa com sátiros e ninfas. Na adolescência Baco descobre as videiras na região, transforma seu suco no vinho e de tão alegre com a descoberta e seus efeitos, sai a cantar e dançar no mundo com todo séquito de amigos e assim volta triunfal ao Olimpo, após resgatar sua mãe dos infernos. E com vinho nas mãos não foi difícil convencer os deuses a torná-lo imortal, é claro!

Essas primeiras Bacantes eram festejos que percorriam cidades (como procissões) e atraia pessoas dançando, cantando com tochas, sacrificando bodes e claro muito vinho. Dessas festas que foram crescendo e se organizando deu-se a "origem do teatro".

E o que Zé Celso fez na sua peça de tão especial?
Resgatou o espírito primitivo do teatro, com um grupo singular de atores que recriava o mito báquico e ao mesmo tempo os primeiros espetáculos que o mundo assistiu. Assim como na sua origem a platéia entrava na festa: ora dançando, ora comendo uva e degustando vinho, ora invadidos por estimulações eróticas...

E com o correr do espetáculo que foi adquirindo conotação orgiática, como tinha de ser - pela proposta, pelo resgate mítico, pela originalidade do espetáculo primordial - o público começou a participar dançando, cantando, sendo estimulados pelos atores, beijando-se, tirando peças de roupa (alguns ficaram nus, como os atores). E o jogo de sedução sensorial invadiu todos os espaços da peça e deste mundo dionisíaco temporário.
Foi artístico, forte, fenomenal!!!

Alguns alegaram que ouve exageros de sexualidade e que assim já não era teatro...
Discordo veemente!!! Era teatro-essência, primitivo, selvagem, puro, invadindo todos os sentidos humanos, transformando o público em atores e vestindo-se de toda ancestralidade do teatro primordial.
Texto Jeanne Maz

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Performance criativa: nudez pela arte







Nesta última 40 horas de criatividade, no Atelier Lourenço de Bem, cheguei com vontade de adentrar mais no processo criativo.
E omo estava num momento de análise pessoal, descobertas de limites, ousadia de sentimentos, o meu foco só poderia ser no: EU.

Resolvi imprimir meu corpo no papel machê. Fiz uma estrutura retangular e imprimi minha mão. Gostei e fiz o mesmo com o pé. Aí resolvi colocar o de mais pessoal: meu beijo.
Como engatei uma quinta de idéias e estava sem freios - nesse dia em particular! - resolvi fazer uma estrutura para imprimir meu corpo e o fiz com meu corpo nu, sob forma de performance, com música da Ray D'Castro.

Foi a primeira vez que realizei tal feito e como estava com amigos foi tudo muito confortável.
Valeu testar desafiar minha coragem, valeu a experiência, valeu o resultado!
Assim como Duchamp já nos abriu os olhos mostrando que tudo pode ser arte, acrescento a meu modo que tudo é válido pela arte...