Estive em Pirenópolis (GO) nesta última semana santa e fui tocada por um passeio especial: as Cachoeiras dos Dragões que ficam dentro do mosteiro zen. A idéia partiu dos meus filhos de desvendar passeios novos a cada viagem.
A trilha, claro, é um Jardim Zen e como cartão de visitas inicial fomos saudados pela "polliana", a flor amarela, símbolo da cidade. A flor como quase toda vegetação deste lugar é rupestre, ou seja, nasce em rochas, encostas, pedras e mesmo assim encanta pela vivacidade e pela delicadeza.
As cachoeiras são descritas simbolicamente como o caminho filosófico do Treinamento Zen. Descrevo conforme entendi do guia e absorvi do local, sem compromisso com a veracidade já que não tenho autoridade para explicar essa cultura e filosofia.
Vamos então às cachoeiras e seus ensinamentos:
1ºPortão do Dragão: É o portal onde você penetra neste universo, disposto a seguir essa trajetória. A cachoeira é pequena, difícil subí-la; você pode cair várias vezes. Poucos entrarão de verdade nesta filosofia e se tornarão dragões.
2ºDragão Azul: É uma cachoeira com penhasco. O dragão está escondido na sua caverna e para penetrá-la há de ser com sacrifício, se faz necessário ter coragem de ver o sofrimento de frente.
3º Pérola do Dragão: A pérola está escondida em águas profundas, não se vê o fundo e há necessidade de um grande mergulho no escuro para encontrar a riqueza desta pérola negra, rara, preciosa. Este é o contato com seu eu mais escondido, mais doloroso, mais submerso.
4º Nuvens do Dragão: Após o contato com sofrimento e o mergulho no seu eu mais escuro, com a pérola em mãos o dragão se lança aos céus. Mas neste vôo lhe chegam as nuvens, que representam o caos liberado por todo esse caminho de descobertas.
5º Dragão Verdadeiro: Depois de toda estrada percorrida você fala, estuda, medita em busca de ser um dragão. No entanto quando o verdadeiro dragão chega é assustador, inquietante, mas não exige justificativa. Como diz o Monge Tokuda, mestre e fundador do espaço: “é hora de aceitar o susto calado”.
6º Dragão Voador: Corresponde ao vôo do dragão após ter contato com seu dragão verdadeiro ele está pronto para voar aos céus. Neste momento ele voa livre e sem medo. Abro uma observação: esta é a cachoeira mais linda do local. Que maravilha é poder voar!!!
7º Dragão do Céu: É quando ele já realizado saí do mosteiro e começa a usar sua força na comunidade. É somente no seu trabalho árduo, persistente e diário que ele chega aos céus.
8º Rei dos Dragões: Uma cachoeira de vários planos onde ficam os urubus-reis no fim da tarde. O rei dos dragões é o guardião do lugar, responsável por manter a sabedoria de todo mosteiro, de toda filosofia zen. De todos os dragões...
Meus filhos adoraram imensamente o passeio e as histórias do local. Combinamos um dia fazer o retiro zen para entrar em contato com nossos dragões interiores.
Breno, meu caçula, mostrou interesse maior. Nada a se estranhar em alguém vegetariano, defensor dos animais, e que tem como paixão uma coleção de dragões que preenche todo seu quarto.
Confesso que depois desse passeio deslumbrante ainda estou aqui magicando sobre esses dragões...
Texto de Jeanne Maz