quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Viagem na poesia...


Assim como prometi vou registrar minhas viagens.

Ontem viajei na poesia...

Fui convidada para o 5º Sarau da casa da Aldemita.
Ao chegar, embora conhecendo somente uns três no salão lotado, me senti acolhida.
"Nosso Sarau": Sarau da Aldemita:

A casa possuia aquele sorriso aberto, gostoso e aconchegante da anfitrãe um piano na sala é sempre uma promessa de deleite.

Entrei e inacreditavelmente não levei a máquina fotográfica - fato raro
para quem usa esse instrumento como outros usam canetas, chaves, calcinhas...
Mas vamos lá, revertendo a situação fotografei todos com os olhos e descrevo algumas cenas para você ter idéia da mágica. Por não lembrar o nome de todos descreverei apenas imagens.
Abriu a noite com uma morena linda tocando duas peças românticas ao piano.
Seguiu-se uma voz maviosa falando da biografia e das poesias de Capinam.
De repente uma voz vigorosa, trazido por um nordestino, invadiu a sala com uma declamação magistral de Patativa do Assaré.
Outra nos esclareceu sobre a inutilidade atual da Mulher Boazinha, recitando Martha Medeiros.
E uma voz visual recitou um poema de um encontro-desencontro de um par.
Claro que nesta reunião divina não podia faltar Deus entre nós e ele surgiu atendendo pedidos por telefone numa voz masculina e a seguir uma feminina nos apresentou ele em várias roupagens e cores.
Nessa confusão teve até um empregado que durante o trabalho viajou para Paris sendo acompanhado por Monalisa.
Tudo isso sendo intercalado no momento preciso com dois músicos: um no violão, outro no saxofone, acompanhados de uma voz morena e poderosa. Gente esses três eram demais!

Mas o ponto alto da noite foi a dona da casa, Aldemita, nos presenteando com a Valsa nº 2 de Chopin, ao piano. Inesquecível!!!

Após isso tudo, encerramos a noite com um músico-jornalista cantando um samba de Brasília e uma voz feminina cantando: "Eu sei que vou te amar".
Obviamente teve muito mais que a memória e a pouca capacidade jornalística não possibilita exprimir.
Nisso tudo eu, uma pernambucana-piauiense de Brasília, me atrevi homenagear minhas terras, declamei: Manuel Bandeira e Torquato Neto. Ofereci uma poesia carioca contemporânea do Érico Braga e finalizei com uma poesia minha que fecha esta noturna descrição:

AUTORRETRATO
(em vestido de festa)

Me sinto vermelha,
cor primária, primeira,
pulsátil, inquieta, majestosa,
sofrida

Prefiro a intensidade,
vivo de paixões,
pagando o preço, portanto,
de grandes mágoas, dores intensas,
não faz mal,
não tenho medo,
transito bem na sombra como na luz,
Recomeço...

Devoro livros e comida,
com volúpia, com sofreguidão,
mas, por vezes,
degusto bem lentamente,
a depender do menu e da companhia

Bebo tudo, tomo todas
(menos refrigerante, faz mal)
Ah! mas o vinho tinto
combina melhor com meu cheiro,
com meus gostos,
é como um beijo eterno em Baco

Odeio TV, prefiro o silêncio
ou o 'barulho' de uma boa melodia

Então, eu sigo assim, nesta estrada,
a sina de todos:
um pouco de médica, um pouco de poeta
um tanto de louca...




Poesia Jeanne Maz

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