terça-feira, 2 de março de 2010

POÉTICAS RUPESTRES



Hoje à noite será o coquetel de abertura da minha exposição: Poéticas Rupestes: Viagem arquetípica ao antes
Hospital Daher. Lago Sul. Brasília-DF
Confira fotos de alguns trabalhos que estarão em exposição durante março e abril no Espaço Cultural deste hospital.

Segue o texto confeccionado por Celina Ribeiro, produtora cultural, curadora de arte e proprietária da Art & Art Galeria, Lago Sul-Brasília-DF. E para ela meu eterno agradecimento pela disponibilidade, texto, tudo...

JEANNE MAZ

"QUEM SOMOS NÓS"


A Extraordinária visão e concepção de Jeanne Maz sobre a arte ancestral, faz com que ela estabeleça um link da arte rupestre com a arte contemporânea do Século XXI, propondo uma tomada de auto-consciência ao Homem em geral, eliminando distâncias de 70 mil anos para cá.

Ela "atualiza" o ancestral, apondo cores, movimento e um brilho solar, peculiar da nossa "tropicália", mas que também reflete um astro em chamas, uma bola de fogo, após o "bang-bang", criando o universo... numa fusão de pensamentos, formas e atitudes que resultam numa Arte, ao mesmo tempo original, atávica, ancestral, nova e antiga. Ela consegue estabelecer uma conectividade impressionante dos primórdios da arte aos dias de hoje, mas mais impressionante ainda, é resumir a criação do universo e os principais elementos arquetípicos que nos transformam "num só corpo e num só espírito", antes mesmo de termos sido criados... Parece complicado, mas é totalmente simples. .

Desenho com movimento, traços finos e elegantes, e cores feéricas, de fundo, riquíssima em simbologia, na Arte de Jeanne ressurgem os arquétipos mais significativos, passando pela origem da humanidade (Adão e Eva), a serpente (quantos símbolos ela encerra...), o mar (a água - o princípio da vida - onde a vida se desenvolveu), murais, e tantos outros.

Volta às origens

A elaboração mental da artista, seus estudos, seu interesse e curiosidade pela vida e pelo ser humano, não passam despercebidos aos olhos de quem observa seus trabalhos. Se a arte rupestre representa "40 mil anos de Arte Moderna" Maz foi mais fundo: em suas pesquisas, remontou a 70 mil anos, às origens do Homem Americano: esteve na Serra da Capivara; estudou também a arte pré colombiana: os maias, incas e aztecas...
Num dado momento da vida, Jeanne se distanciou de si mesma. Numa analogia patente, volta às origens do Homem Americano em suas pesquisas, que acabaram por desembocar nos 70 mil anos do mais velho ancestral das Américas, em São Raimundo Nonato, município do Estado do Piauí, numa região semi-árida, a sudeste desse Estado, na Serra da Capivara, onde a arqueóloga Niède Guidon descobriu o Primeiro Homem Americano.
(Estão assim desmentidos nosso antigos livros de História, dizendo que o primeiro Homem Americano teria se instalado no USA, vindo pelo estreito de Bering)

Não coincidentemente, Jeanne, pernambucana de nascimento, foi criada no Piauí, para onde se mudou aos 8 anos de idade. Pois, segundo Kertz, a coincidência não existe. Não sei que ímã magnético transporta pessoas a lugares com os quais elas se identificam. Assim foi com essa artista que - com uma capacidade rara de transformação, consegue em seu trabalho trazer à tona a rudeza de uma caverna ou a aridez de terras nordestinas e fazê-las tão vivas, que mesmo com a textura rough, surge uma luminosidade mágica, conseguida com uma tinta em tom amarelo característico, conferindo toda a alegria e leveza de uma arte lúdica que, no caso, poder-se-ia chamar de primitiva, se não fosse tão elaborada.

O reencontro do Homem com o Homem
A busca de si mesmo


A ancestralidade é a nossa via de identidade histórica. Sem ela, não sabemos o que somos e nem o que queremos ser.

A sofisticada elaboração mental que leva JEANNE MAZ a conduzir o espectador de suas obras a um grande passeio interior em busca de si mesmo, é capaz de revelar toda simplicidade e toda a complexidade do ser humano, mas sempre numa linha, num fio condutor único que nos mostra, ou pelo menos nos faz refletir no axioma "QUEM SOMOS NÓS", resulta na mais lúdica e singela arte - como aquelas desenhadas no interior das Cavernas há 40 mil anos atrás. Os mistérios yungianos parecem estar sintetizados na obra de Maz. Suas referências pictóricas são o que há de mais antigo. Suas pinturas o que há de mais contemporâneo.





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