quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Submersa em poesia


Hoje vou participar de um Sarau na casa da minha colega de oficina literária e pianista Aldemita. Creio que estou buscando minhas raízes pois no primeiro homanegeie os estados de onde tirei o barro que me formou: Pernambuco, Piauí e Distrito Federal; hoje homenagearei as mulheres.

Começarei com a maior poeta de Goiás: Cora Coralina que tendo o primeiro livro publicado somente aos 76 anos é para mim o exemplo de que nunca é tarde para se perseguir um sonho.
Seguirei com Adélia Prado que esposa, mãe, professora, nascida e residente em Divinópolis-MG mostra que não precisa ser "porra louca" e nem habitar grandes centros urbanos para se fazer arte com esmero e reconhecimento.
E encerro humildemente com uma poesia minha deste último agosto que casa-se bem com meus dias atuais. Trata-se de uma Endecha que é uma composição poética lamuriosa; uma poesia fúnebre de tom melancólico; uma canção triste, um lamento...

ENDECHA PARA TRISTEZA
jeanne maz

Hoje,
Não me queiras forte, poderosa
Nem me peças um sorriso aberto,
que meu rosto espantalho diluiu
Nem terás o meu sempre de todo dia
Vomitando frases de efeito
auto-ajuda em pílulas
ou filosofias que encontrei num trancelim

Hoje, somente hoje
Não me exijas conselhos, receitas, band-aid
Nem requeiras um ouvido disposto a escutar
Deixe-me parir o grito esdrúxulo que silencie minha voz
E de maneira nenhuma me solicites médica
mãe, amiga, artista, amante
Pois hoje,
meu eu inroível
ruiu

E Pelamordedeus
Deixe-me voar com minha coleção de elefantes
E com flores mortas no cabelo, pular o abismo
Permitas que as águas nebulosas, o mar bravio,
me inundem os olhos,
E não apagues o fogo coração
que me faz o fígado de Prometeu bêbado
Por que hoje, somente hoje
A tristeza tomou conta de mim...

Mas não te preocupes com este encontro-morte
Por que amanhã, logo cedo
Convido a tristeza para a cama.
Devoro-a com mastigadas amargas
Acendo o cigarro que não fumo,
Olho-a com o repúdio que não aprendi
Viro-lhe as costas
e digo adeus.

04/08/2009

PS. Desde esse dia encontro quase diariamente a tristeza na soleira da porta. E insanamente há dias que jogo tijolos e solto cachorros, para em outros chamá-la para beber um trago e beijá-la loucamente a boca.

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